sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Exposição de Fanzines - Da BD à Poesia, e também Mesa Redonda


Da BD à Poesia, todos os temas cabem nos fanzines, cujos faneditores têm total liberdade para o desenvolvimento dos temas da sua predilecção.

Porquê o título "...Em Construção"? Exactamente porque nos fanzines tudo está em aberto, os temas acompanham a realidade existente em cada momento, tratados por todas as formas possíveis, textos, ilustrações, colagens, bandas desenhadas, nos formatos mais inesperados.

É também isso, essa multiplicidade de formatos e conteúdos que se pode detectar na exposição montada na cave da Livraria Leituria, com os zines pendurados como se fossem objectos alados.

Também há conversas previstas sobre o tema. 4 de Março vai ser o dia mais importante do evento, espera-se que os fanzinistas, fanzinéfilos e faneditores estejam presentes e participem na troca de pontos de vista. Luís Paulo Meireles e este blogger, dois fãs de zines, editores e coleccionadores, estarão lá às 16h00.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Tomorrow the Chinese Will Deliver the Pandas


 
 Capa do mini-álbum

EDIÇÕES ALTERNATIVAS COMERCIAIS (*)

"Tomorrow the Chinese Will Deliver the Pandas" é o título completo desta curiosa edição feita em Portugal, embora legendada em inglês.

Marco Mendes é autor único deste álbum, composta quase totalmente por bandas desenhadas em que ele próprio é personagem, o que configura uma obra de tipo monográfico, completada por ilustrações e retratos, tudo da autoria do talentoso artista, autor de BD, ilustrador e retratista.

E classifico o pequeno álbum como edição alternativa comercial, definição que uso pela primeira vez, pela necessidade de fazer a distinção entre um fanzine - também uma publicação alternativa, mas não comercial -, e este álbum, produzido no Porto por uma editora independente, a qual, embora pequena, é organizada em moldes comerciais, a Plana.

Disse-me o Marco Mendes que a edição em inglês terá sido uma ideia de Luís Camanho, dono da citada editora, a fim de ser enviada para editoras independentes estrangeiras, embora, ao que parece, a pequena tiragem tenha sido já quase toda vendida a bedéfilos portugueses.

Vejamos o contéudo (apenas uma parte, claro):




A personagem retratada chama-se Lígia Paz, ex-namorada de Marco Mendes (não está identificada, mas reconheço-a bem, porque a conheci em Fevereiro de 2008, quando esteve na Tertúlia BD de Lisboa, juntamente com Marco Mendes, data em que ele foi o Convidado Especial, correspondendo ao meu convite).

Embora menos reconhecível, eu arriscaria afirmar que foi também ela que serviu de modelo à sugestiva figura feminina da ilustração da capa.
E quanto à personagem masculina, travestida, julgo que será o próprio Marco Mendes, que, com frequência, se autorretrata nas suas bandas desenhadas, e nesta ele está presente em quase toda a obra.  

Note-se que em Fevereiro de 2017, data deste post, passados cerca de nove anos após a edição sob análise, a sua imagem está ligeiramente diferente devido à falta de cabelo.

O par de namorados/intérpretes Marco Mendes & Lígia, numa cena de comicidade irresistível.



Marco Mendes & Lígia, grandes intérpretes destes curtos episódios



Marco Mendes nem sempre feliz, na sua auto-observação e nas angústias da falta de inspiração e dificuldade na criatividade.


Note-se que, à maneira das bandas desenhadas publicadas nas antigas Sunday pages dos jornais americanos, Marco Mendes inclui em rodapé uma narrativa diferente da que ocupa a parte superior da página.
 


Marco Mendes e os seus amigos perante os problemas da vida de uma geração que trabalha a recibos verdes... Note-se que a data destas duas últimas pranchas é de 2008, e a situação mantém-se.

 
Lígia Paz muitíssimo bem desenhada, com amor evidente, mau grado a frase dela (faz parte da ficção...)

Mais um retrato incluído no álbum, o de Janus (com impecável semelhança), um amigo de Marco Mendes, portuense, também ilustrador/autor de BD. 

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Ficha técnica
Tomorrow the Chinese Will Deliver the Pandas
Edição alternativa comercial em inglês
Tradução de Pedro Moura e Elisabete Pinto
Álbum em formato 17x24cm
Capa a preto e branco e magenta
Miolo: 32 páginas a preto e branco 
Data da edição: Junho 2008
Editor: Luís Camanho
Publicado por PLANA, Porto
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(*) Porquê edição alternativa comercial e não fanzine? Qual a diferença?

Um fanzine é uma publicação alternativa, amadora, um magazine feito sem intuitos lucrativos por um faneditor (editor amador), ou por um grupo de entusiastas (editores amadores), ou até por uma associação sem fins lucrativos.

Uma publicação alternativa comercial tanto pode ser uma revista como um álbum, editadas por uma pequena editora normalmente considerada "editora independente", por se dedicar a um tipo de publicações de temas geralmente não tratados pelas grandes editoras, mas igualmente com fins lucrativos, pormenor que marca a ténue fronteira que as separa dos faneditores e seus fanzines.
No caso da edição de BD, prevalece a banda desenhada de cariz underground, dita alternativa.
 
(*) Nota: Trata-se de opinião própria, não extraída de qualquer obra publicada.

Geraldes Lino

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Já Paça

1ª prancha da banda desenhada de Rigo "Já Paça"

Este fanzine, com uma capa enigmática (um semi-rosto), foi editado pelo autor madeirense Rigo, em Fevereiro de 1985. Mas, infelizmente, não foi na Madeira que ele o editou - com pena minha, que não tenho nem conheço nenhum zine daquela região insular -, mas sim em Lisboa.


                          Capa do fanzine "Já Paça"


                   2ª prancha/página da bd
  







                     Contracapa do fanzine

                       
O estranho título Já Paça do fanzine apenas se conhece no verso da contracapa, onde o editautor Rigo o registou, em manuscrito. (*)

Quanto a esse título, ele deriva do da sua banda desenhada, que ocupa quase todo o corpo da publicação (e do qual apenas se reproduzem aqui no blogue algumas das pranchas/páginas). Na última reproduzida no zine, o autor escreveu na margem direita, na vertical: Já Paça - Rigo -1984.

Não conheço - estive quase a conhecê-lo numa apresentação em Lisboa, mas não pude estar presente - esta ecléctica personagem madeirense, autor de BD, fanzinista, faneditor e artista
Dele apenas fiquei com a ideia de que, na BD, a sua tendência bem visível é a de usar o sexo e a violência como formas de transmitir as suas próprias pulsões, dando para o exterior sinais da sua personalidade artística criativa, anti-tabús e anti-preconceituosa. 


(*) Ficha técnica (escrita manualmente pelo editor, e reproduzida ipsis verbis)
Lisboa, Fevereiro 85, "Já Paça"
Primeira edição: 500 exemplares
Off-set, edição a cargo do autor e de Rui Carvalho (um alienígena)
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Elementos acrescentados por este "blogger": 
Editor: Rigo, co-editor Rui Carvalho
Capa em cartolina de cor (tonalidade creme).
Formato A4
Miolo: 28 páginas p/b
Encadernação com argolas plásticas
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Rigo

Síntese biobibliográfica

Ricardo Gouveia aka Rigo, Madeira, 1966.

Retiro, com a devida vénia, um texto a seu respeito da Wikipedia: 

He is known in the San Francisco community for having painted a number of large, graphic "sign" murals including: One Tree next to the U.S. Route 101 on-ramp at 10th and Bryant Street, Innercity Home on a large public housing structure, Sky/Ground on a tall abandoned building at 3rd and Mission Street, and Extinct over a Shell gas station.[1]
Rigo was born and raised on the island of Madeira. He later established himself as an artist in San Francisco, earning a BFA from San Francisco Art Institute in 1991 and an MFA from Stanford University in 1997.[2] From 1984-2002, Rigo used the last two digits of the current year as part of his name, finally settling upon "23" in 2003.[2][3]
The bulk of Rigo's work more literally highlights world politics and political prisoners from the Black Panthers and the Angola Three to Mumia Abu-Jamal, whose conviction for the murder of a policeman is contested, and the American Indian Movement's Leonard Peltier. Rigo create a controversial statue of Peltier that was removed from the grounds of the American University in January 2017.[4][5]
In 2005, he created a statue based on the 1968 Olympics Black Power salute titled Victory Salute, a twenty-two foot tall monument of two men: Tommie Smith and John Carlos. In the 1968 Olympic Games in Mexico City, these men each raised a black-gloved fist for human rights. Their simple gesture of the hand is considered as one of the most controversial statements of political and social activism in Olympic history. Victory Salute is a monument of that moment which was specifically built on the San Jose State University campus because Smith and Carlos were both student-athletes at the college.
Rigo is one of the founding members of Clarion Alley Mural Project collective and is still an active member, as of 2006, as well as an occasional professor at The San Francisco Art Institute.[2][6] He has also designed several installations as part of the 2006 Liverpool Biennial.[7] He is considered by some art critics and curators to be part of the first generation of the San Francisco Mission School art movement.[8][9] His work is in the collection of di Rosa.[